Com novo desafio na GCM, Sturaro defende valorização da tropa, prevenção da violência e integração com Polícia Militar
Após atuar como prefeito-bairro do Centro Histórico, o coronel da Polícia Militar da Bahia, Humberto Sturaro, passou a ocupar desde o último dia 2 o posto de diretor-geral da Guarda Civil Municipal de Salvador.
Em entrevista ao Bahia Notícias, ele detalhou as atribuições de sua nova função e apresentou as diretrizes que pretende adotar em sua gestão. Segundo Sturaro, os pilares serão focados na valorização da tropa, prevenção da violência e integração com outras forças de segurança.
“Desde o princípio da criação da Guarda Municipal eu sempre fui um defensor dessa categoria. Eu nunca enxerguei a Guarda Municipal com usurpação de função de segurança pública ou da Polícia Militar. Eu sempre vi a guarda municipal como um parceiro. Eu sempre achei necessário que a Guarda Municipal tivesse um espaço na mesa da Secretaria de Segurança Pública”, disse.
Durante o bate-papo, o diretor da GCM defendeu a utilização da Guarda em policiamento ostensivo na cidade, especialmente após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, o coronel propõe que os Guardas Municipais passem a atuar de forma mais direta em eventos do calendário soteropolitano.
Por fim, ao ser questionado sobre seu futuro na vida pública, ele garantiu que apesar de já ter se candidatado a cargos políticos, não pretende disputar as próximas eleições, e comenta como se deu sua indicação ao cargo na prefeitura, com apoio do deputado federal Capitão Alden.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Sturaro, primeiro eu gostaria que você falasse um pouco sobre essa nova função. Você agora aparece como diretor-geral da Guarda Civil Municipal, mas há uma certa dúvida sobre as atribuições e qual é o rol de atuação da GCM. Gostaria de abordar isso e já emendando na sequência, qual será a cara da Guarda na gestão de Humberto Sturaro?
Queria deixar bem claro que a minha função como diretor de Segurança e Prevenção a Violência é, além de tudo, fortalecer tanto na parte técnica como a parte tática mas principalmente na parte de valorização. Esses homens da segurança pública que, são nossos guardas municipais, a gente precisa muito que eles deem a cara a Salvador do modelo de segurança pública e o que nós vamos buscar em relação a isso é focar principalmente na parte de prevenção, colocando a disposição do estado todo mecanismo que a prefeitura possa oferecer em relação a essa matéria chamada Segurança Pública. A missão da Guarda foi instituída para fazer a segurança de nossos patrimônios, cabe a Guarda Municipal cuidar do município no que diz respeito aos bens, serviços e instalações do município. Mas sistematicamente a gente tem que proteger as pessoas que utilizam esses bens e os nossos serviços. Nós vamos continuar fazendo os serviços que já fazíamos antes, mas voltado a parte de prevenção. O que nós vamos buscar: aproximar a nossa força de segurança cada vez mais da comunidade. Utilizando nossos agentes comunitários, utilizando as prefeituras-bairros, para que a gente possa trabalhar com situação de segurança pública de forma preventiva aproximando também as companhias independentes de Polícia Militar que estão sob sua parte geográfica. A gente vai ter esse elo principalmente entre município e a segurança pública do governo do estado.
Como coronel da reserva da Polícia Militar, diante de toda sua experiência e vivência de rua, qual o maior desafio de chefiar a Guarda em uma cidade como Salvador? Caso pudesse apresentar soluções no combate ao crime, quais seriam elas?
Em relação ao combate ao crime e nós vemos isso todos os dias, a gente vai e pretende aumentar junto, conversando muito com o secretário de Segurança Pública como nós podemos aumentar a sensação de segurança do soteropolitano. Como é que a gente aumenta a sensação de segurança? Dando a ele, passando a presença física de órgãos de segurança. Por exemplo, hoje você veja que nós temos praticamente um pool de nossas secretarias no Comércio. Ali tem uma Companhia de Polícia Militar, e como é que a gente vai conversar com eles para que a gente possa não sobrepor o serviço da Polícia Militar na região mas também somar para a paz. Então o governo do estado vai ver que hoje ele tem uma força de segurança que está preparada tecnicamente e taticamente para qualquer missão que ela possa cumprir. Mas a principal é essa. Juntar nossa força para passar ao soteropolitano uma maior sensação de segurança.
Em termos de lacunas, nesse curto período o que já foi possível identificar pelo senhor e que você pretende levar ao secretário Décio Martins e também ao prefeito Bruno Reis?
Nós já fizemos reuniões com o corpo da Guarda Civil e já trouxeram as demandas. Nós vamos conversar com o sindicato dos guardas municipais para que ele traga as necessidades dessa tropa para que nós possamos nos antecipar. Nós não vamos ter um sindicato afastado da diretoria. Muito pelo contrário, porque ali se sabe as demandas e necessidade do seu corpo. Entendemos que ele quer a melhora da instituição e identificando esses problemas nós vamos discutir diretamente o prefeito Bruno Reis que ele vai atender de imediato. Uma situação que nós já vamos discutir com o prefeito é a situação das funções de nosso guarda municipal. Nós precisamos aumentar o quadro de funções do nosso guarda municipal porque está antigo e existem funções novas que já estão sendo ocupadas mas precisamos colocar isso de forma legal. Precisa colocar isso dentro de um organograma para que ela seja valorizado. Nosso efetivo hoje é de aproximadamente 1.400 agentes de segurança, já foi chamada toda a turma que passou no concurso. Vamos fazer um estudo dentro do nosso plano de segurança, o prefeito Bruno Reis está terminando e se preocupou com o plano de segurança do município. Ele vai ser apresentado através de audiência pública. Identificamos as necessidades da comunidade no que diz respeito a segurança pública para que essa demanda seja atendida e também que nós possamos trazer e captar recursos federais cada vez mais para investimento dessa área.
Eu gostaria que você falasse também sobre uma decisão recente do STF que diz que guardas municipais podem fazer policiamento urbano, o policiamento ostensivo. Qual seu posicionamento sobre isso, uma vez que o senhor esteve por anos de um lado, o de policial, mas agora passa a atuar também com a Guarda?
Desde o princípio da criação da Guarda Municipal eu sempre fui um um defensor dessa categoria. Eu nunca enxerguei a Guarda Municipal com usurpação de fumção de segurança pública ou da Polícia Militar. Eu sempre vi a guarda municipal como um parceiro. Eu sempre achei necessário que a Guarda Municipal tivesse um espaço na mesa da Secretaria de Segurança Pública. Nós estamos mando esforços, precisamos de pessoas técnicas preparadas para que somemos esforços. E esse é o pensamento do secretário Marcelo Werner. Tanto é que ele está preocupado com o nivelamento da instrução técnica e tática da parte policial das guardas municipais. Esse corpo da Polícia Militar possa instruir e capacitar mais os agentes de segurança uma vez que nós vamos trabalhar e precisamos estar nivelados taticamente, tecnicamente, com as guarnições. Vou dar um exemplo do Carnaval. Por que não dar ao município o emprego operacional de determinadas áreas do carnaval para que a polícia militar possa focar em outras missões? Carnaval de bairro pode ficar a cargo da Guarda Municipal, Carnaval do Pelourinho, Carnaval do Santo Antônio. Então, isso que nós vamos buscar junto ao secretário, o que eu já imaginava isso antes, porque na hora que a Guarda Municipal ela assuma a responsabilidade territorial, eu posso transferir aquela força do estado para cumprimento de outras missões.
No campo da Segurança Pública, como você avalia as trocas promovidas pelo governador Jerônimo Rodrigues na cúpula das forças aqui do Estado?
O governador do estado tem total liberdade para mexer, movimentar e indicar os gestores dessas pastas. Eu acho importantíssimo essa mudança que aconteceu porque é necessário oxigenar. Ele mostrou que não foi uma situação direcionada, foi situação de gestão. Então na hora que ele nivela a troca de todas as forças de segurança pública do estado, ele está mostrando que ele quer oxigenar a segurança pública do estado. Primeiro porque motiva muito, são novas ideias e se dá continuidade a tudo de bom que vinha sendo realizado, e aquilo que vinha acontecendo que não estava dando resultado vai poder ser corrigido com a nova mentalidade. Eu particularmente acredito que ele fez um gol ímpar.
Na seara política, a gente acompanhou suas candidaturas nas últimas duas eleições. Em 2022 a deputado estadual pelo PL, e agora em 2024 a vereador pelo PSDB. Em 2026 vem aí uma nova candidatura?
Não. Candidatura zero. Em relação aos quatro políticos nós estamos nessa nova missão de mostrar ao soteropolitano e ao baiano a vivência, a experiência que nós temos nesse quadro de segurança pública que ele possa se refletir no modelo de gestão de segurança pública do PL, do modelo de gestão de segurança pública do União Brasil. É isso que nós esperamos, seguir a orientação do prefeito Bruno Reis em relação a isso. Agora em relação a candidatura política tenha certeza que eu tenho consciência que sou muito mais útil a nossa cidade e ao nosso estado no quadro de Executivo do que no Legislativo.
Como foi o processo de indicação do seu nome para a GCM, o senhor fala publicamente inclusive sobre o aval do deputado federal Capitão Alden?
Nós sabemos que o prefeito Bruno Reis é um articulador político. Na hora que o PL teve a liberdade de indicar ao prefeito um nome para a diretoria de segurança do município, eu fiquei muito lisonjeado de poder ser indicado pelo Capitão Alden. Poderia ser qualquer pessoa, mas ele conta comigo na gestão de uma pessoa que constrói pontes. Isso é fundamental. A segurança pública não tem partido político e graças a minha relação com o secretário Marcelo Werner, meu respeito ao governador Jerônimo, minhas reivindicações para o Ministério Público, a Defensoria Pública, tudo aquilo que eu construí na minha carreira, vai saber que nós temos portas abertas para o crescimento dessa pasta tão importante para o município. As pessoas às vezes se pegam em “indicou um militar”. Não é indicação de um militar, é indicação de uma pessoa que tem conhecimento de segurança pública. E o meu trabalho feito na prefeitura-bairro sabe facilitou muito a indicação do deputado Alden e com o conhecimento de gestão pública que eu tenho. E fiquei muito feliz com isso, porque eu vou poder colocar em prática tudo aquilo que eu queria que fosse colocado para mim quando eu estava nas operações ou na base da Polícia Militar do estado da Bahia.
Fonte: Bahia Notícias
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